Atendendo a deliberação do Conselho Pleno da FAEASP aprovada por unanimidade na reunião realizada no dia 21 de março passado, na cidade de Barra Bonita, SP, os membros da Diretoria e do Conselho Fiscal da FAEASP, engenheiros Adriano Ricardo Galzoni, Vice Presidente de Engª Civil e afins, Aldo Leopoldo Rossetto Filho, Vice Presidente de Agronomia e afins; Ricardo Perale, Diretor de Assuntos Sociais; Jorge Marques da Silva Santos, Conselheiro Fiscal e o Arqº José Roberto Baraúna Filho, Coordenador da UNARO, representando as Uniões Regionais do Estado, estiveram na Sede do CONFEA, em Brasília, DF, no dia 27 de junho passado, onde protocolaram o Ofício da FAEASP de nº 005/2015, de 23/03/2015 e que também foi lido na Plenária  pelo Conselheiro Federal por São Paulo, Engº Jolindo Rennó da Costa, ofício esse que relata toda a perseguição sofrida pelo CREA-SP e requer também aos Conselheiros Federais, o afastamento do Presidente do CONFEA. Veja o ofício em todo o seu teor:

 

Ilustríssimos Srs. Conselheiros Federais e Sra. Conselheira Federal do CONFEA.

A FAEASP – Federação das Associações de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo, entidade que representa 205 entidades de classe do Estado de São Paulo vem, respeitosamente, perante esse Plenário, expor e requerer o que se segue:

No ultimo dia 20 de março de 2015, em reunião do pleno da FAEASP ocorrida na cidade de Barra Bonita, foi aprovada, por unanimidade, essa moção e requerimento aos senhores conselheiros que compõe este Plenário do CONFEA.

Senhoras e senhores, é hora de encararmos a realidade: estamos frente a uma crise sem precedentes. Muito mais grave do que qualquer crise financeira, o CONFEA vive hoje uma crise ética e moral, cercado de suspeitas, denúncias e até mesmo condenações na Justiça. Invariavelmente, esta enxurrada de lama que jorra de nosso Conselho Federal acaba por prejudicar todos os seus Regionais.

Os mais recentes atos desta tragédia anunciada escancaram aquilo que todos já suspeitavam: no comando de nosso Federal vem sendo implementado um plano de poder que aparelha a máquina pública e lança mão de ameaças, constrangimentos, coações e tantas outras práticas espúrias para atingir seus fins de dominação, aniquilando todos os que tentam impedi-lo.

Felizmente, contamos em nosso meio, não apenas com corruptores e corrompidos, mas também com mulheres e homens íntegros e honrados. “Os lugares mais quentes do inferno são reservados para aqueles que mantêm-se neutros em tempos de grande crise moral”, diria Dante Alighieri; é justamente aos que não temem mostrar o rosto e marcar sua posição que dirigimos agora estas palavras. John F. Kennedy certa vez lembrou que, na escrita chinesa, a palavra “crise” é composta por dois caracteres: um representa “perigo” e o outro, “oportunidade”.  Façamos então surgir desta crise um Sistema ainda mais forte, transparente e democrático; para isso apelamos aos vossos princípios e à vossa coragem.

Durante o ano de 2014, fomos alvo de duras represálias devido à postura combativa que suas lideranças assumiram frente aos desmandos emanados do CONFEA. A eleição para o Conselheiro Federal representante das Instituições de Ensino foi uma amostra daquilo que estaria por vir, período no qual as senhoras e os senhores puderam assistir a um vasto repertório de manobras políticas e administrativas para impedir uma derrota iminente do candidato da situação. Quantos colegas profissionais não foram profundamente desrespeitados naquela ocasião, deixando suas famílias e seus compromissos profissionais para se depararem com uma porta fechada e um bilhete escrito a mão, suspendendo o processo eleitoral sem qualquer motivo plausível?

Durante as eleições gerais do Sistema, o que vimos foi uma verdadeira guerra contra todos aqueles que não compactuam com esta forma arcaica de governo, baseada na troca de favores e privilégios em prejuízo do bem comum. Candidatos de oposição sofreram toda sorte de ataques, sendo que precisaram recorrer à Justiça para garantir seus direitos democráticos.

No Crea-SP, a despeito da expressiva margem de vantagem obtida nas urnas pelo candidato vencedor, o que se viu foram inúmeras manobras para tirá-lo da disputa.Três em cada quatro eleitores demonstraram na urna seu apoio à atual gestão do Crea-SP. Sendo que o seu adversário, segundo colocado nas urnas, obteve apenas 11% dos votos – curiosamente este último é sobrinho e sócio do atual presidente do CONFEA.

O que se viu a seguir por parte da presidência deste Conselho Federal, foi uma violenta reação ao resultado das urnas. Não foram medidos esforços para impedir que a democracia prevalecesse. Quem dos senhores será capaz de afirmar que é normal e aceitável que apenas os Creas dos estados nos quais a oposição saiu vitoriosa, tivessem dificuldades para homologar seus presidentes?

Indignados com a falta de respeito aos seus direitos, nossas lideranças profissionais paulistas dirigiram-se à sede do CONFEA, em Brasília, para manifestarem-se pacificamente e solicitarem uma audiência com o presidente desta Casa. Em momento algum houve incitação à violência, nem mesmo qualquer indício de agressividade, porém, ainda assim, a Plenária ordinária que aconteceria naquele dia foi suspensa sem qualquer justificativa e nem mesmo um representante desta presidência foi designado para atender os manifestantes/profissionais. A truculência com que nossos líderes foram tratados chocou a todos: haviam grades ao redor do prédio, policiais fortemente armados e seguranças que impediam o acesso ao prédio público (sede do Confea), até mesmo para que as pessoas pudessem usar o banheiro. Desnecessário lembrar aos senhores que estavam ali profissionais que pagam suas ARTs e Anuidades e, portanto, têm direito a acessar a Sede do Sistema bancado por eles.

Em meio a tantas cenas lamentáveis que agridem os princípios da democracia em nosso Sistema, deparamos recentemente com o depoimento de um ex-assessor do CONFEA que relata, com riqueza de detalhes, como o Presidente desta casa exercia seu poder sobre a Comissão Eleitoral Federal, para que esta atendesse aos seus anseios políticos e prejudicasse a todos os seus adversários. O depoimento, registrado em cartório e protocolado junto ao Ministério Público Federal, é acompanhado por provas que deixam pouca margem para dúvidas.

Senhora conselheira e senhores conselheiros: são denúncias graves, que configuram crime eleitoral. Não se trata mais aqui de optar por um ou outro direcionamento político, mas sim de tomar uma atitude frente a tantos indícios de corrupção e fraude em nosso Sistema. Não está em jogo apenas a vitória de um ou outro candidato, mas sim toda a credibilidade e honra de nosso Conselho e daqueles que o compõem, bem como a imagem de toda a nossa categoria perante a sociedade.

Nas palavras de Albert Einstein: “o mundo é um lugar perigoso para se viver, não por causa daqueles que fazem o mal, mas por aqueles que não fazem nada a respeito”. É chegada a hora, caros colegas de profissão, de mobilizarmos todos os esforços pelo esclarecimento dos fatos e pela moralização do Sistema. Para isso, apelamos a este plenário para que investiguem de forma contundente todas as denúncias apresentadas e que trabalhem conosco, incansavelmente, pela transparência, ética e justiça.

Esta Federação, que representa mais de uma centena de milhares de profissionais, vem a este Plenário, requerer que seja determinado o imediato afastamento do Eng. José Tadeu da Silva da Presidência do CONFEA e os Conselheiros Federais e Conselheira Federal envolvidos nos escândalos revelados, até que se apurem os fatos.

Os profissionais da engenharia, agronomia, geografia, geologia, meteorologia, técnicos e tecnólogos são vistos pela sociedade como propositores do desenvolvimento da nação; vamos fazer jus a essa imagem e assumirmos nossa responsabilidade de servimos de exemplo para nosso país no tocante à honestidade, lisura e consciência coletiva.

Não somente nós, profissionais, mas toda a sociedade e as futuras gerações serão eternamente gratas e terão orgulho de vossas nobres atitudes, que devem ser tomadas neste momento.