Os participantes do Fórum Incêndio na Alemoa, realizado no dia 20 de maio, no Auditório da AEAS – Associação de Engenheiros e Arquitetos de Santos pelo CREA-SP, o Corpo de Bombeiros, a Prefeitura Municipal de Santos e a Associação de Profissionais local, saíram do evento compartilhando uma opinião unânime: as atividades de combate e prevenção contra incêndios podem ser aperfeiçoadas, visando mais segurança a seus agentes diretos e indiretos e à sociedade como um todo, com a participação integrada de iniciativas públicas e privadas. Segundo os palestrantes, esse é o ponto de partida para as melhorias nas legislações do setor e para a criação de uma sólida infraestrutura que permita a adoção de procedimentos técnicos compatíveis com as necessidades brasileiras no que se referem à segurança, prevenção e combate a incêndios.

                    No consenso geral, São Paulo não pode passar novamente por uma ocorrência com a da Alemoa, a segunda mais grave no mundo em terminais de armazenamento de combustíveis, com prejuízos ambientais irreparáveis em curto prazo e colocando em risco toda a população. E se isso, por uma imponderabilidade, voltar a por em risco instalações do gênero, o Corpo de Bombeiros terá como atuar na certeza de que irá controlar rapidamente a situação. O Evento reuniu mais de 500 profissionais e teve cobertura da imprensa regional e acesso on-line de 2.000 pessoas em 8 países.

                    Constaram da programação palestras ministradas pelo CREA-SP, Corpo de Bombeiros, Defesa Civil, Petrobrás, BASF, IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas e ABTLP – Associação Brasileira de Transporte e Logística de Produtos Perigosos, além de informações sobre a Comissão de Estudos de Transporte de Produtos Perigosos da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Ao final das apresentações, os organizadores promoveram um debate para levantamento de propostas que comporão a Carta de Santos, documento que, após sistematização das sugestões nos próximos dias, será encaminhado às autoridades competentes.

 

                    Abrindo a programação, o Presidente do CREA-SP, Engº Francisco Kurimori, explicou as razões que levaram o Conselho à iniciativa do Fórum. “Nossa preocupação, disse Kurimori é, “em primeiro lugar, a prevenção. Lembramos que esse conceito foi introduzido nas primeiras legislações há cerca de 30 anos, após os incêndios dos edifícios Andraus e Joelma. De lá para cá, já evoluímos alguma coisa no estado de São Paulo, mas há outros Estados que ainda não adotam uma legislação adequada. E além dos riscos de incêndios, os profissionais da área tecnológica devem se preocupar com outras necessidades da sociedade, como a fiscalização dos parques de diversão, centros de eventos e equipamentos afins, que exigem manutenção adequada. Não podemos esperar tanto tempo por regulamentações na nossa área de atuação, como foi o caso também das inspeções prediais. Temos de lutar incessantemente pela segurança da população”. Já em sua palestra, Kurimori voltou a falar sobre a importância dos profissionais na elaboração de projetos que introduzam o conceito de prevenção nas obras de engenharia. “Precisamos assumir nossas responsabilidades técnicas na execução das obras, mas também na manutenção. É uma questão de lei, que nos leva inclusive à responsabilização ética e jurídica”. “No caso da Alemoa – informou –, o Crea-SP já abriu processos para investigar eventuais imperícias. E, a partir dos resultados, temos de buscar melhorias nas normas, e com muita rapidez, porque há em nosso Estado outros casos de risco” – referindo-se a importantes instalações petrolíferas em outras cidades.

                    Compuseram a mesa de abertura do evento o Engº Paulino Moreira da Silva Vicente, Diretor de Infraestrutura e Execução de Obras da CODESP – Companhia Docas do Estado de São Paulo; o Engº Murilo Barletta, Vereador em Santos, representando o Presidente da Câmara, Marcus Vinicius Gomes de Rosis; o Cel PM José Roberto Rodrigues de Oliveira, Secretário Chefe da Casa Militar do Estado de São Paulo e Coordenador Estadual da Defesa Civil, representando o Governador Geraldo Alckmin; o Cel PM Marco Aurélio Alves Pinto, Comandante Geral do Corpo de Bombeiros; o Engº Francisco Kurimori, Presidente do CREA-SP; o Engº Químico Ademar Salgosa Jr., Presidente da AEAS; o Cel PM Ricardo Gambaroni, Comandante da Polícia Militar do Estado de São Paulo; o Capitão de Mar e Guerra dos Portos Ricardo Fernandes Gomes e o Dr. Antônio José Donizette M. Daloia, Procurador da República no Município de Santos.

                    Em sua palestra, o Presidente do CREA-SP falou sobre a importância de os profissionais da área tecnológica atuarem em projetos que definam conceitos de prevenção para a segurança da sociedade. O Cel PM Cássio Roberto Armani, Coordenador Operacional do Corpo de Bombeiros, fez minucioso detalhe sobre as dificuldades enfrentadas pelo CB no combate ao incêndio na Alemoa, ao lado de diversas instituições que colaboraram para o sucesso da operação. O Cel PM José Roberto Rodrigues de Oliveira explicou como atuou a Defesa Civil no episódio. O Gestor Ambiental José Carlos Florêncio, Gerente de Segurança, Meio Ambiente e Saúde da Petrobras, falou sobre a participação decisiva da empresa com equipamentos de ponta no combate ao incêndio. o Engº Luciano Carvalho Theodoro, da área de Segurança Industrial, Meio Ambiente e Patrimonial da BASF, falou sobre a utilização de produtos de alta tecnologia no combate ao fogo. O Engº Marcos Jorgino Blanco, Pesquisador Sênior do IPT, falou sobre como o Instituto de Pesquisas Tecnológicas pode contribuir com novas soluções no aprimoramento do setor de prevenção e combate a incêndios, especificamente em relação a análises de riscos no complexo portuário de Santos. O Engº Paulo de Tarso Martins Gomes, Presidente da ABTLP – Associação Brasileira de Transporte e Logística de Produtos Perigosos e membro da Comissão de Estudos de Transporte de Produtos Perigosos da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) falou sobre os avanços da normatização de procedimentos no setor e outras necessidades. O Engº Paulino Moreira da Silva Vicente, Diretor de Infraestrutura e Execução de Obras da CODESP – Companhia Docas do Estado de São Paulo falou sobre as atividades e expectativas do setor nas áreas portuária e retroportuária de Santos.